Doses maiores

19 de junho de 2017

O terrorismo que mata pobres e causa inveja

O número de homicídios no País, em três semanas, supera a quantidade de pessoas mortas em todos os ataques terroristas no mundo nos cinco primeiros meses de 2017.

A comparação é de Samira Bueno, diretora do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, referindo-se a dados do recém-lançado “Atlas da Violência”.

Samira também observa “que o crescimento econômico e a redução da desigualdade” das últimas décadas não se traduziram em índices melhores. Segundo ela, “crescimento econômico sozinho”, não basta.

O sociólogo Marcos Rolim acaba de publicar “A Formação de Jovens Violentos”. O livro apresenta um estudo feito junto a jovens violentos de 16 a 20 anos da Fundação de Atendimento Socioeducativo do Rio Grande do Sul.

O levantamento aponta dois grandes fatores para o comportamento desses jovens: a evasão escolar e o "treinamento violento". Ou seja, a convivência com armas e conflitos policiais.

Por fim, na reportagem “Aulas em meio à guerra no Rio”, publicada pelo El País em 18/06, María Martín relata:

Renan, de 13 anos, não consegue enumerar mais de três países sem travar – “Brasil, humm... Argentina, México, ah...” –, mas diz de cabeça nove tipos de armas: “Snipe, AK-47, 7.65, AR-15, Bazuca, calibre .50, calibre 12, Glock, giratória...”. Na classe ao lado, Guilherme, de 14 anos, também é capaz de imitar o som dos tiros: a rajada espaçada do AK-47, o eco seco da pistola e o estrondo de um lança-granadas. “É o que escutamos todos os dias”...

Mas essa realidade vale principalmente para os mais pobres. São eles as maiores vítimas desse nosso terrorismo cotidiano, capaz de causar inveja aos piores fanáticos.


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