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22 de junho de 2017

1917: revolução socialista ou antiburguesa?

Fundamental para vitória em 1917 foi a realização do II Congresso dos Sovietes, em 25 e 26 de outubro daquele ano. Em seu texto “De fevereiro a outubro”, Lars T. Lih afirma que “podemos imaginar o II Congresso sem o levante, mas não podemos imaginar o levante sem o II Congresso.”

Uma vez vitoriosa a revolução, o Congresso aprovou como tarefas fundamentais “paz democrática”, terra aos camponeses e a criação de um “governo operário-camponês”. Medidas “essencialmente democráticas”, diz o autor.

Segundo Lih, no final do esboço da declaração que preparou para amarrar o novo governo a esses compromissos, Lênin havia escrito “Vida longa ao socialismo!”. Mas ele “riscou esta frase”. Segundo o autor:

...os bolcheviques nunca defenderam o programa efetivo deliberado no Congresso como “socialista” – tampouco, o que é ainda mais relevante, os que atacaram os bolcheviques fizeram qualquer menção a tentativas irreais de instalar o socialismo na Rússia. “Socialismo” simplesmente não era uma questão no II Congresso.

Assim, a Lih “parece mais provável entender a revolução de 1917 como uma revolução democrática antiburguesa”.

De fato, a burguesia era incapaz de conquistar os objetivos definidos pelo II Congresso sem contrariar seus próprios interesses. E para alcançá-los, os trabalhadores tiveram que avançar para a socialização das fábricas e latifúndios e a democratização radical da vida política.

Era a “revolução permanente”, defendida por Trotsky e assumida por Lênin. Mas ambos admitiram que a implantação do socialismo dependia de vitórias revolucionárias na Europa ocidental. Na ausência delas, a revolução antiburguesa foi cercada por todos os lados. Não apenas ficou incompleta, como sofreu recuos sucessivos até transformar-se na contrarrevolução stalinista.

Acesse o texto de Lars T. Lih, aqui

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