Em
1º de Maio, um ato unificado de centrais sindicais e movimentos populares reuniu
200 mil no Vale do Anhangabaú, São Paulo. Meses antes, no mesmo local, outra multidão
reuniu cerca de 15 mil pessoas na fila do Mutirão do Emprego, promovido por órgãos
públicos.
Mais
grave que o número de desempregados é a distância entre as duas multidões. E ainda
pior que isso, é o divórcio entre os que estão empregados e suas entidades. Os sindicatos
sempre tiveram muita dificuldade em organizar os desempregados. Há muito tempo,
também sofrem para organizar suas próprias bases.
Não
se trata apenas do fim da CLT ou do corte das contribuições sindicais recentemente
aprovados.
Depois
da primeira reestruturação produtiva nos anos 1990, veio, já neste século, a
uberização da força de trabalho. Não apenas pelo uso do famoso aplicativo, mas
pela precarização dos vínculos trabalhistas.
Agora,
são todos colaboradores, prestadores, autônomos, cooperativados, empreendedores.
Na verdade, todos vítimas da velha exploração capitalista.
No
mutirão de emprego, aqueles poucos milhares na fila realmente representavam os 13
milhões sem emprego no País. No 1º de Maio, aquelas centenas de milhares mal
conseguiam representar as dezenas de milhões de assalariados e explorados do
País.
Talvez,
porque no 1º de Maio, a maioria presente ainda era muito branca e suas direções
quase todas masculinas. Ou porque, há décadas, muitos dirigentes sindicais tenham
se tornado empregados estáveis de suas próprias entidades.
Infelizmente,
tudo indica que a política de terra arrasada contra os trabalhadores promovida por
governo e patrões será vitoriosa. Tragicamente, parece que, somente assim,
podemos deixar de ser multidão para nos comportarmos como classe.
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Bom, gostei. Me inclino a opção: "muitos dirigentes sindicais tenham se tornado empregados estáveis de suas próprias entidades". Bjs
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