“Nós”,
de Jordan Peele, é diversão de terror garantida. Mas não apenas no sentido
original da palavra “diversão”, que significa desviar a atenção de algo
importante. O entretenimento do filme é um bom pretexto para denunciar o que
está acontecendo em muitas sociedades pelo mundo.
Basicamente,
o enredo é sobre famílias gêmeas idênticas. Só que uma delas é formada por
assustadoras criaturas do “mal”. A outra, composta por pessoas do “bem” e de
bens. Estas últimas são perseguidas pelas primeiras tornando a trama
assustadora.
As
famílias malvadas pertencem a um mundo subterrâneo e sombrio. Um lugar onde a
vida é uma imitação deprimente e assustadora da vibrante sociedade de consumo
da superfície.
“Us”,
título original em inglês, também faz referência a United States, afirmou o
diretor. Segundo ele, os maiores inimigos dos estadunidenses são eles próprios.
Certamente,
refere-se à onda conservadora que atinge o país. Ela seria alimentada pelas
frustrações por que passam muitos membros da economia mais rica do planeta.
O
“American Way of Life” vende um mundo cheio de felicidade e vitórias para
todos. Mas a enorme maioria fica, no máximo, com imitações baratas e caricatas
do nível de vida de uma elite cada vez menor.
Claro
que a trama do filme serve para muitas outras sociedades de alto consumo e
muita injustiça social. E mostra como as reações a essa situação podem ser as
mais bárbaras.
No
filme, as criaturas maléficas costumam fazer estragos com tesouras e machados.
Na vida real, muitas vezes, basta o voto na urna para causar prejuízos muito
piores.
De
qualquer maneira, o final surpreende e é otimista.
Leia
também:
O
que é o bicho humano para os conservadores
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