Doses maiores

31 de maio de 2019

Os lucros por trás do massacre das prisões de Manaus

Em 27/05, 55 detentos de quatro presídios amazonenses foram mortos. A causa do massacre teria sido uma briga entre facções.

A imprensa preferiu destacar o sofrimento das famílias dos mortos. Mas o que pouco se informou é que as quatro unidades prisionais são administradas por uma empresa.

É a Umanizzare (Humanização, em italiano). Uma das prisões que ela administra é o Complexo Penitenciário Anísio Jobim, em cujas dependências morreram, em 2017, outros 56 detentos.

Apenas nessa unidade, a empresa recebia, por mês, R$ 4,7 mil por preso. Já nos presídios que são administrados pelo governo, o custo é de R$ 4 mil.

As informações e dados são do Ministério Público do Amazonas em reportagem publicada pelo portal Rede Brasil Atual em 29/05/2019.

Matéria do jornal Brasil de Fato, por sua vez, revela a existência de uma “bancada da jaula”, denominação que demonstra o que seus membros pensam da população carcerária.

Alguns dos componentes da tal bancada, são os deputados federais do PSC do Amazonas, Silas Câmara e sua esposa, Antônia Lúcia Câmara. Ambos receberam R$ 600 mil da Umanizzare para suas campanhas. A filha do casal, Gabriela Ramos Câmara, ficou com mais R$ 150 mil para sua eleição a deputada estadual no Acre.

A empresa administra dois presídios no Tocantins e seis no Amazonas. Somente neste último, o grupo recebeu R$ 836 milhões nos últimos cinco anos.

Este é só mais um desdobramento da política de super-encarceramento vigente no Brasil há algumas décadas. Agora, Manaus mostra que essa política também vai se tornando um negócio lucrativo para poucos e, literalmente, mortal para outros.

Leia também: Apanhado de pílulas sobre a situação nas prisões

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