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9 de maio de 2019

Clara Zetkin e o Terceiro Período

Na luta de Clara Zetkin contra o fascismo, ela também teve que enfrentar os erros cometidos pela Internacional Comunista. Especialmente, a adoção da tática conhecida como “Terceiro Período”, formulada por Stálin.

Segundo essa linha política, no primeiro período teria surgido a onda revolucionária que se seguiu à Primeira Guerra Mundial, o segundo se caracterizaria pela estabilização do capitalismo e o terceiro seria marcado pelo colapso capitalista e pela revolução mundial.

Na Alemanha, por exemplo, essa tática significava a rejeição de qualquer possibilidade de formar uma frente única com os socialdemocratas contra o nazismo.

Diante da proximidade do colapso do capitalismo, tanto socialdemocratas como nazistas seriam igualmente varridos pela vitória do proletariado internacional. Hitler seria esmagado pela revolução mundial.

Clara sabia que esta avaliação era um erro muito grave. Por isso, foi dela o único voto contrário à resolução do Terceiro Período aprovada em reunião da direção da Internacional, ocorrida em fevereiro de 1928.

Foi somente após Hitler se tornar um ditador sanguinário que a Internacional abandonou sua tática desastrosa. Passou a defender a formação de “frentes populares” contra o fascismo.

Mas, na prática, essa linha colocou os trabalhadores a reboque de forças conservadoras, que não hesitavam em trair seus aliados sempre que necessário.

A oposição liberal ao fascismo está sempre pronta a negociar com nossos inimigos. Principalmente, se estiverem em jogo conquistas populares e a cabeça de lideranças socialistas.

Este debate está mais atual que nunca. Se a união mais ampla possível é fundamental para combater o fascismo, ela tem que se dar entre as forças anticapitalistas. Esta era a essência do antifascismo de Clara Zetkin.

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