Pawel Kaczynsku |
Aplicativo
GPS que alerta sobre trajetos perigosos nas grandes cidades.
Programa
de mensagens virtuais utilizado por seus membros para criar uma rede de
vigilância sobre atividades suspeitas em sua vizinhança.
Software
de transporte urbano que barateia a força de trabalho de dezenas de milhares de
motoristas no caótico trânsito das grandes cidades.
Esses
são apenas alguns exemplos de ajustamentos cotidianos à grave situação de violência
urbana, concentração de renda, destruição de empregos e desigualdade social presentes
na vida contemporânea.
São
“Tecnologias de Adaptação”, segundo a definição de Evgeny Morozov, em artigo publicado recentemente no portal Outras Palavras.
Para esse pesquisador bielorrusso que estuda os impactos das novas tecnologias
na sociedade:
“Tecnologia de
Adaptação”, contudo, é marca muito ruim para intitular conferências ou
manifestos laudatórios. Ao invés disso, fala-se da “economia do
compartilhamento” (com startups que ajudam os pobres a sobreviver, aceitando
empregos precários ou alugando suas posses), da “cidade inteligente” (com os
municípios entregando sua soberania tecnológica – em troca de serviços
temporariamente gratuitos – às gigantes digitais), da “fintechs” (com bancos
que emprestam para os mais jovens capturando e vendendo seus dados,
apresentados como uma revolução de “inclusão financeira”).
Morozov
cita o Brasil como um laboratório de inovação nesse tipo de tecnologia. Mas também
no resto do mundo, elas “permitem que cidadãos sobrevivam em meio
ao caos, sem demandar nenhuma transformação social”.
E
qualquer transformação social, diz ele, passa pela quebra das gigantes
tecnológicas, mas também pelo abandono das tecnologias de adaptação em favor de
tecnologias rebeldes.
Afinal,
se tecnologia é técnica mais ideologia, nós também temos a nossa. Precisamos
acioná-la contra a deles.
Nenhum comentário:
Postar um comentário