...talvez o presidente não esteja tão preocupado com a significativa queda de aprovação nos primeiros três meses, tendo a proeza de ser o presidente com pior avaliação nos 100 dias do primeiro mandato desde a redemocratização – comparando-se com Fernando Collor, Fernando Henrique Cardoso, Lula e Dilma. Como a queda parece que atingiu um piso de cerca de 30% de aprovação positiva e este piso é bem maior do que aquele que era o teto do então candidato antes da facada nas eleições (cerca de 17%), a situação, por ora, é confortável. Pensando bem, esta é a verdadeira proeza: um governo que entrega muito pouco, que passa os dias criando falsas polêmicas e batendo cabeça com aliados, ter 1/3 da população, achando que está tudo ótimo.
Como tem sido dito, não se trata, para este governo, de buscar dialogar com a maioria, mas de garantir a “melhor minoria” – a mais fidelizada, engajada e barulhenta. O risco maior para a democracia brasileira é o bolsonarismo conseguir, enquanto governo, levar adiante a estratégia de campanha bem-sucedida dos últimos quatro anos e fazer sua minoria barulhenta aumentar, chegando à metade do eleitorado. Hipótese que para muitos parece improvável, mas ainda hoje tenho arrepios quando me lembro dos analistas, em meados de 2016, que diziam que o teto do bolsonarismo estava entre 6 e 8% do eleitorado.
Arrepios não nos faltam, mas precisamos deixá-los para trás urgentemente.
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