Doses maiores

22 de maio de 2019

Seria Bolsonaro um bode na sala?

A situação política nacional parece adequar-se àquela famosa metáfora do “bode na sala”. Numa casa cheia de problemas de convivência por causa do excesso de moradores, alguém coloca um bode no meio da sala.

A situação fica ainda pior, claro. Mas finalmente retirado o animal, o alívio imediato faz os moradores esquecerem de que continuam a habitar um lugar insuportável.

Bolsonaro representaria esse bode num Brasil que nunca chegou a ser muito suportável, mas que piorou bastante desde 2013. Não que alguém o tenha trazido. Ele é que foi chegando aos poucos.

Alguns moradores avisaram que a presença do animal pioraria ainda mais as coisas. Mas a maioria resolveu ignorar os alertas. Afinal, no meio de toda a fedentina, que diferença faria o cheiro do bicho?

Também houve quem começasse a mimá-lo. Querem aproveitar sua presença para tirar vantagens sobre os outros moradores. Agora, já não têm certeza de que tenha sido uma boa ideia. O caprino morde e escoiceia quase todo mundo sem muita distinção.

Além do fedor, começam a circular no ambiente propostas sobre como se livrar do bovídeo.

Apesar de toda a limitação de sua inteligência, o bicho sente que pode ser despejado a qualquer momento. Mas não consegue corrigir seu comportamento. Alterna algumas lambidas nas mãos que o alimentam com muitas chifradas doloridas.

Até o momento, assim estamos. Se o animal ficar, as coisas só devem piorar. Saindo o bicho, permanecemos em uma situação muito ruim. O ideal seria colocar no olho da rua tanto o bode como seus protetores. Expulsar da casa seus piores moradores.

Ou podemos trocar de metáfora.

Leia também: Bolsonaro e a aposta no caos

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