Há
quem goste de apontar a China como prova de que o capitalismo é um sucesso histórico.
Os números do crescimento chinês realmente dão certa razão aos que defendem o
atual sistema econômico mundial.
O
problema é que o neoliberalismo é considerado o estágio de perfeição máxima do
capitalismo. Mas de neoliberal a economia chinesa não tem nada.
Os
Estados Unidos têm 15 mil estatais. A Alemanha, 7 mil. O Brasil, 418. Na China,
são 155 mil. Menos neoliberal que isso...
Por
outro lado, também é equivocado achar que o caminho chinês é uma alternativa
pouco familiar à acumulação capitalista.
Recente
artigo do sinólogo britânico John Ross revela, por exemplo, que entre 1938 e
1945, nos Estados Unidos, o consumo das famílias subiu 30% e o investimento
privado cresceu 12%. Já os gastos estatais aumentaram 553%.
Em
1943, 83% do investimento fixo dos Estados Unidos foi realizado pelo Estado,
diz Ross. Resultado? Um espantoso crescimento da economia estadunidense nos 30
anos pós-guerra.
Mas
há evidências muito mais recentes. Em 2013, a economista italiana Mariana Mazzucato publicou
um livro desmascarando o “empreendedorismo de garagem” da indústria tecnológica
estadunidense.
O
estudo revela, por exemplo, que a Fundação Nacional de Ciência dos Estados
Unidos criou o algoritmo em que se baseiam as buscas do Google. E que a Apple
se viabilizou graças à Companhia de Investimentos em Pequenos Negócios, do
governo americano.
O
problema para o imperialismo ocidental é um concorrente utilizando seus próprios
termos no jogo econômico mundial. O
problema para os socialistas é que esse é um jogo sujo para a grande maioria da
humanidade.
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