Doses maiores

21 de maio de 2019

China: capitalismo, sim. Neoliberalismo, jamais

Há quem goste de apontar a China como prova de que o capitalismo é um sucesso histórico. Os números do crescimento chinês realmente dão certa razão aos que defendem o atual sistema econômico mundial.

O problema é que o neoliberalismo é considerado o estágio de perfeição máxima do capitalismo. Mas de neoliberal a economia chinesa não tem nada.

Os Estados Unidos têm 15 mil estatais. A Alemanha, 7 mil. O Brasil, 418. Na China, são 155 mil. Menos neoliberal que isso...

Por outro lado, também é equivocado achar que o caminho chinês é uma alternativa pouco familiar à acumulação capitalista.

Recente artigo do sinólogo britânico John Ross revela, por exemplo, que entre 1938 e 1945, nos Estados Unidos, o consumo das famílias subiu 30% e o investimento privado cresceu 12%. Já os gastos estatais aumentaram 553%.

Em 1943, 83% do investimento fixo dos Estados Unidos foi realizado pelo Estado, diz Ross. Resultado? Um espantoso crescimento da economia estadunidense nos 30 anos pós-guerra.

Mas há evidências muito mais recentes. Em 2013, a economista italiana Mariana Mazzucato publicou um livro desmascarando o “empreendedorismo de garagem” da indústria tecnológica estadunidense.

O estudo revela, por exemplo, que a Fundação Nacional de Ciência dos Estados Unidos criou o algoritmo em que se baseiam as buscas do Google. E que a Apple se viabilizou graças à Companhia de Investimentos em Pequenos Negócios, do governo americano. 

O problema para o imperialismo ocidental é um concorrente utilizando seus próprios termos no jogo econômico mundial. O problema para os socialistas é que esse é um jogo sujo para a grande maioria da humanidade.

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