Yuval Harari é autor do
best-seller “Sapiens”, entre outros. Em recente entrevista publicada pelo portal Repubblica, ele faz as
seguintes considerações:
Hoje
todos aqueles que vivem no planeta falam apenas uma língua: esta língua é a
matemática. Se você mora na China, na Austrália ou no Brasil, não faz
diferença: a língua que domina as instituições, a economia e a política é a
matemática e é precisamente ela a linguagem cuja difusão o imperialismo europeu
favoreceu em todo o globo.
Da
linguagem universal da matemática nasceu a revolução dos algoritmos, talvez
comparável à da identificação do primeiro trigo domesticado, que permitiu ao
homem, de simples caçador e coletor, tornar-se agricultor.
Pois bem, dizem que foi Alcuarismi, um matemático árabe do
século 9, que criou o conceito de algoritmo. Perguntado sobre o valor de um ser humano, ele teria respondido:
Se
tem ética, então seu valor é igual a 1. Se ademais é inteligente, lhe agregamos
um zero e seu valor será de 10. Se também é rico, adicionaremos outro zero e
seu valor será de 100. Se sobretudo é ademais uma bela pessoa, agregaremos
outro zero e seu valor será de 1.000. Porém, se perde o 1, que corresponde à
ética, perderá todo o seu valor, pois somente lhe sobraram os zeros.
Ora, se ética diz
respeito a valores morais, que tipo de moral orienta aqueles que controlam os atuais
monopólios produtores de algoritmos?
A julgar pelas distorções
preconceituosas de seus algoritmos, sua fome de lucros e impactos negativos no emprego, a moral
“universal” que defendem procura reduzir todos nós a não mais que zeros
sobrantes.
Leia também:
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ambientalO iluminismo árabe e o obscurantismo ocidental
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