Está disponível no Netflix o documentário “Privacidade hackeada”, sobre a empresa Cambridge Analytica, que ficou famosa por trabalhar para as
campanhas de Donald Trump e do Brexit, pela saída do Reino Unido da União
Europeia.
A especialidade da
empresa era lucrar utilizando os dados que muitos milhões de pessoas deixam nas
redes virtuais. Mas não haveria Cambridge sem o Facebook, que era, na prática,
sua única fonte de informações.
Depois de muitas
denúncias envolvendo a apropriação desautorizada de informações pessoais, a
Cambridge fechou. Já o Facebook...
Mas o documentário
mostra um episódio que não envolve diretamente a manipulação cibernética.
Em 2013, uma eleição em
Trindade e Tobago opunha os dois principais partidos do país. O eleitorado de
um era majoritariamente negro, o do outro, quase todo de ascendência indiana.
A Cambridge propôs ao
partido “indiano” uma campanha com o slogan “Do So", algo como “Não vou”,
em referência ao ato de votar. Era um chamado à abstenção eleitoral, mas voltado
para o eleitorado jovem.
A campanha realmente foi
um sucesso entre os jovens. Mas só alcançou seu objetivo junto à juventude
negra. Acontece que o comportamento dos jovens é muito mais controlado nas
famílias indianas do que nas negras.
Enquanto os jovens
negros mantiveram sua postura de abstenção, muitos de seus pares indianos,
pressionados pelos pais, compareceram às urnas em número suficiente para dar a
vitória ao cliente da Cambridge.
É mais um caso em que o
poder econômico promove despolitização e alienação para vencer.
“Privacidade hackeada” poderia ser só o título do mais recente capítulo da velha e
conhecida série “Democracia comprada”.
Leia
também: O bode de estimação do Facebook
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