Doses maiores

20 de agosto de 2019

Um não radical à unidade em torno da rendição

O filósofo e músico Vladimir Safatle tem se mostrado uma das poucas vozes lúcidas e radicais da esquerda.

Em artigo publicado no portal El País, em 31/07/2019, após condenar o “silêncio tumular” da oposição diante da aprovação da Reforma da Previdência, ele afirma que esse tipo de acontecimento mostra que:

Há certas situações nas quais é necessário dividir para crescer. A oposição brasileira até agora sonhou com uma união em cima do nada. Ela não definiu as rupturas que quer tomar para si, o horizonte de suas novas lutas. Tentará ela ser, mais uma vez, o “good cop” do capitalismo brasileiro ou estará enfim disposta a vocalizar rupturas até agora não tentadas? Será ela o arauto do retorno a uma democracia que nunca existiu entre nós ou assumirá enfim o desafio de romper e criar o que até agora não existiu? Pregará ela o evangelho da “integração para todos” e do respeito a uma emancipação de indivíduos proprietários ou estará disposta a ser a força de desintegração que nos levará para fora do universo de propriedades? Essas divisões podem criar novas alianças. Por isto, elas podem nos fazer crescer.

Ou seja, à ruptura extremista e fanática promovida pelas classes dominantes nacionais devemos moderar nossas posições? Vamos abandonar de vez nossa crítica implacável ao capitalismo, seu sistema de dominação assassino e sua vocação econômica destrutiva?

Como reagiremos ao turbilhão de sujeira a que foi arrastada a esquerda pelos setores dirigentes petistas? Participando de seus projetos políticos, que incluem grande parte do lixo político nacional?

A resposta a tudo isso é um não radical, mas potencialmente criativo.

Leia também: Como faz falta uma boa guilhotina

Um comentário:

  1. Concordo com sua consideração sobre o Vladimir Safatle e com a direção que ele aponta. Abraços.

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