Doses maiores

24 de agosto de 2010

Era Lula: Vargas e a burguesia esperta

Hoje completam-se 56 anos da morte de Getúlio Vargas. Comparações de seu governo com o de Lula são muito comuns. Como ele, Lula seria um “pai dos pobres” atualizado. Mas, tal qual Lula, Vargas não descuidava dos interesses dos ricos. Daí, ser chamado de “mãe dos ricos”.

Outro traço comum a ambos foram as dificuldades nas relações com a burguesia. Sobre isso Getúlio Vargas diria, em 1935: “Estou tentando salvar esses burgueses burros e eles não entenderam”.

O desabafo foi dito após uma reunião em que empresários recusaram apoio à aprovação de leis trabalhistas para evitar o aumento da influência do PCB entre os operários.

Em fevereiro de 2010, Lula disse:
Um país governado a vida inteira por capitalistas precisou eleger um metalúrgico que se dizia socialista para compreender que não era possível um país capitalista sem capital. E muito menos um país capitalista sem crédito e sem financiamento. Essa era uma lógica primária que qualquer imbecil deveria saber, mas a verdade é que não era assim.
Lula referia-se aos fartos e facilitados empréstimos oficiais concedidos às grandes empresas.

O fato é que os patrões brasileiros são como os patrões do mundo inteiro. Competem entre si selvagemente para ficar com o pedaço maior dos favores governamentais. Quem fica com fatias menores esperneia. Por outro lado, morrem de nojo e de medo dos pobres. Daí toda a desconfiança em relação à enorme popularidade de Vargas e Lula.

A burguesia brasileira não é burra nem imbecil. É muito esperta. O suicídio de Vargas atrasou o golpe militar em 10 anos. Mas, ele finalmente veio para esmagar os interesses populares. A burguesia se assustou com Lula. Mas já passou. Afinal, o próximo governo deverá ser do PSDB de Serra ou do PMDB de Dilma.

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