Doses maiores

4 de abril de 2011

Apostando no mercado de catástrofes

Na Bélgica, funciona o Centro de Estudos de Epidemiologia de Desastres (Cred). A instituição faz estatísticas anuais sobre desastres naturais e seus estragos.

O Cred diferencia dois tipos de desastre. Os geológicos são, basicamente, terremotos, maremotos e erupções vulcânicas. Os hidrometeorológicos são enchentes, secas, ciclones e outros fenômenos climáticos. Em relação aos primeiros, é pouco provável que sejam provocados por nossa ação. Quanto aos segundos, há poucas dúvidas sobre a responsabilidade humana.

Segundo estudos do Centro, na primeira década do século 20, houve 40 desastres geológicos e 28 hidrometeorológicos. Nos anos 40, os segundos superaram os primeiros. Nos anos 70, foram 776 casos hidrometeorológicos contra 124 geológicos. De 2000 a 2005, os desastres climáticos ganhavam de goleada: 2.135 a 233. Entre uma ponta e outra da estatística, difícil ignorar a enorme expansão capitalista no mundo.

Por outro lado, as catástrofes que causaram mais mortes no século 21 são geológicas: tsunami na Indonésia e terremotos no Chile, Haiti e Japão. Ainda assim, seriam resultado de fatores humanos. Muita gente amontoada nos lugares errados.

Mas nem todas as pessoas estão onde estão porque querem. Estão onde a indústria, o comércio e os serviços lhes oferecem meios de sobrevivência.

Tantas catástrofes já afetam o mercado. A maior companhia internacional de seguros para desastres naturais é a alemã Munich Re. A empresa avalia que o terremoto japonês já causou prejuízos de US$ 211 bilhões.

Por outro lado, os títulos vinculados a catástrofes vêm ganhando importância. Para 2011, a Munich Re espera vender US$ 6 bilhões desse tipo de papel. Nasce mais um mercado especulativo. As tragédias pessoais são apenas detalhes.

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