Doses maiores

14 de julho de 2011

O CADE deu asas a porcos

A fusão Pão de Açúcar/Carrefour já era. Não tem problema. O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE) aprovou a compra da Sadia pela Perdigão.

“Presunto é Sadia”, todos sabem. O símbolo da Perdigão são dois perdizes. A junção das duas empresas resultou numa espécie de porco alado. Um bicho com poucas chances de voar muito alto. Mas, será o suficiente para colocar nas alturas os preços para os consumidores e o desemprego causado pela operação.

Trata-se de mais um monstro empresarial no mercado brasileiro. Segue o caminho de outros, também autorizados pelo CADE. Em 1996, foi a fusão entre Kolynos e Colgate. Em 2000, nascia a Ambev a partir do casamento entre Antarctica e Brahma. Hoje, ambas dominam cerca de 70% de seus setores no mercado.

O objetivo do CADE é defender a concorrência capitalista. Na realidade, atua como cartório de registro para novos e maiores monopólios.

Vinícius de Carvalho é secretário de Direito Econômico. Concedeu entrevista ao Globo, em 10/07. Segundo ele, há dez anos, o CADE se preocupava com concentrações de 30% do mercado. Hoje, não consegue evitar a formação de grupos que monopolizam 70% ou 80% de seus ramos.

O resultado são monstrengos econômicos que controlam cadeias de produção inteiras. Determinam os preços, causam desemprego e desastres sociais e ambientais. Quando as crises econômicas estouram, alguns desses monstros caem e arrastam meio mundo.

É o capitalismo mais moderno se consolidando no Brasil. Tão bonito como porcos com asas.

Leia também: Monopólios no varejo e no atacado

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