Em 2005, um Boeing 737 da companhia grega Helios sobrevoava Atenas em círculos há horas. Ninguém conseguia fazer contato pelo rádio com o avião. Dois caças militares foram enviados. Os pilotos conseguiram ver passageiros e tripulação pelas janelas do avião. Todos mortos.
Investigações posteriores descobriram que uma falha humana deixou o avião sem pressurização. Faltou ar. As máscaras de ar dos passageiros caíram automaticamente. Passageiros e tripulação achavam que os pilotos estavam cuidando da situação. Mas, na cabine de comando, os pilotos haviam desmaiado antes de colocar suas máscaras.
O avião foi mantido no ar pelo piloto automático. Caiu quando o combustível acabou. Todos os 121 passageiros e tripulantes morreram.
A economia mundial parece um avião guiado pelo piloto automático. O neoliberalismo é o plano de vôo e ninguém contesta. Em várias partes do mundo, há os governos que se dizem de esquerda e os que não se confessam de direita. Dizem isso e aquilo. Mexem-se de um lado para outro. Só não desativam o piloto automático. Acham que está tudo tão bem que abandonaram a cabine de comando.
Na Itália, Berlusconi quis enfiar no plano de austeridade econômica uma medida que o isentava de pagar uma multa bilionária. Nos Estados Unidos, republicanos e democratas trocam pedradas numa loja de louças. Na Inglaterra, o primeiro-ministro envolveu-se em escândalos com grampos telefônicos.
Os governos dos países mais importantes do mundo estão ocupados demais com problemas políticos para governar. O ar vai faltando. Deliram todos.
Mas, diferente do acidente aéreo, alguns poucos devem se salvar. Os de sempre. Até o próximo vôo, com ainda mais vítimas.
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