“Dez empresas concentram 70% das compras dos carrinhos dos consumidores nos supermercados”. O título da matéria de Fabiana Ribeiro e Henrique Gomes Batista, no Globo de 10/07, diz tudo. Os 30% restantes são divididos por cerca de 500 empresas.
A reportagem aproveita a polêmica sobre a fusão entre Pão de Açúcar e Carrefour. Mostra como grandes empresas possuem várias marcas de um mesmo produto e as coloca para concorrer entre si.
A Unilever, por exemplo, controla a produção de sabonete, xampu, sabão, sorvete, detergente, chá, manteigas, temperos e molhos. Comercializa das marcas mais baratas às mais caras. De uma ponta a outra, lucra sozinha. O mesmo acontece em outros setores do varejo.
Tudo isso é produto de fusões. São operações em que grandes grupos econômicos engolem pequenas marcas. Colocam a colorida variedade capitalista sob seu controle. Dominam grande parte do mercado e obtêm lucros enormes.
A matéria cita o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE). Depende dele a autorização para a realização de fusões empresariais. O problema é que o Brasil é o único país do mundo em que a fusão começa antes de sua autorização.
Um exemplo é a criação da BRF, resultado da junção entre Perdigão e Sadia. Há dois anos aguarda autorização do CADE. Enquanto isso, vem operando normalmente.
O trabalho jornalístico mereceria elogios não fosse por um detalhe. Não cita um setor econômico muito importante. Também altamente concentrado. Fundamental para a viabilização dos lucros dos monopólios varejistas. É o da grande mídia.
Diferente dos monopólios do varejo, a grande mídia é um atacadista isolado. Pode denunciar, sem ser denunciada.
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Bem lembrado!
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