Os críticos do marxismo costumam enterrá-lo na mesma cova em que repousaria a classe trabalhadora. Ambos sempre voltam de suas tumbas. É que as contradições apontadas por Marx, Engels e seus seguidores não saíram de suas cabeças. São criação do próprio capitalismo. É o caso da recente onda de protestos no norte da África, Oriente Médio e Europa.
A imprensa diz que muitos dos manifestantes são desempregados com nível superior. Nas praças da Espanha, haveria até pós-graduados. O diploma não os impediu de serem excluídos do mercado de trabalho. Não evitou que fizessem parte dos que não têm mais nada a perder. Não os fez menos proletários.
Ao mesmo tempo, a razão principal da revolta chilena é o alto custo da educação. No país que é considerado o exemplo neoliberal da América Latina estudar é caro e para poucos. É o capitalismo traindo suas promessas de prosperidade e sucesso. E traição dói, todos sabemos.
Outra característica dos protestos é o uso de redes sociais e telefones celulares. Importantes ferramentas na organização das manifestações e de resistência à repressão. As autoridades tentam bloquear seu funcionamento. Mas, esbarram na própria importância dessas redes para o funcionamento dos negócios.
Nada disso torna desempregados de nível superior necessariamente revolucionários. Nem transforma facebook, twitter e blackberry em foices e martelos. Somente mostra que as contradições são cada vez mais agudas.
O capitalismo cria seus próprios coveiros, dizia o Manifesto Comunista. Precisamos de todos trabalhando nas pás. Inclusive, aqueles que usam anel de formatura e carregam um celular no bolso.
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