- 96% dos chefes de famílias pobres afirmaram que suas crianças não passaram fome em nenhum momento de 2009.Então, pobre americano chora de barriga cheia? Alan Berube, professor do Brookings Institution, não concorda: “no país mais rico do mundo não é demais esperar que as famílias não estejam preocupadas em conseguir sua próxima refeição." Correto. Os Estados Unidos têm um PIB sete vezes maior que o brasileiro, por exemplo. Seus males sociais não podem ser iguais aos nossos.
- os 20% da população que estão na base da pirâmide de renda nos Estados Unidos vivem em casas com, em média, 5,7 cômodos e 155 metros quadrados.
- entre os 20% mais pobres, 76% têm pelo menos um carro.
- uma família na linha oficial de pobreza ganha o equivalente a mais de R$ 3 mil mensais.
Por outro lado, Berube alerta:
...a pobreza afeta 15% da população, mas a desigualdade significa que dois terços da sociedade estão vendo sua fatia no bolo diminuir, seu padrão de vida diminuir, enquanto os que estão no topo só melhoram.É o que confirmam dados de declarações de imposto de renda dos 1% mais ricos em 95 anos:
O resultado é uma enorme curva em formato de "U". Até a recessão de 1929, 1% da população ficava com cerca de 18% da renda gerada nos Estados Unidos. A fatia dos super-ricos na renda nacional caiu para 8% no pós-Guerra e por aí ficou até fins da década de 1970. A partir de então, entrou em trajetória de alta, até chegar ao pico de 18% pouco antes do início da Grande Recessão.Não à toa, a concentração de renda disparou em momentos que antecederam duas das piores crises do capitalismo. A de 1929 e a atual. Ambas, depois de períodos de grande liberdade para os mercados. Mais capitalismo, mais desgraça.
Marx achava que a construção do socialismo teria maiores chances se começasse em sociedades capitalistas mais desenvolvidas. Talvez, porque nelas fossem maiores as frustrações com as promessas burguesas de sucesso pessoal. O artigo do Valor indica algo nesse sentido. E também vale para a Europa rica.
O movimento 99%, que ocupou Wall Street, ensaia uma primeira resposta popular. Os indignados europeus também. A direita não vai ficar quieta. Tempos sombrios à vista. Mas as contradições nos centros do capitalismo mundial nos permitem tentar arrancar muita luz disso tudo.
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