A crise se agrava na Europa. Os líderes do continente não aceitam a mais recente proposta do primeiro-ministro grego, George Papandreou. Ele quer um plebiscito sobre as medidas defendidas por Alemanha e França para o país: demissões em massa, redução salarial, cortes de gastos sociais e privatizações, entre outras.
O fato é que Papandreou não tem moral para impor essa porcaria toda ao povo grego. Por isso, tenta comprometer a “opinião pública”. O “mercado” não quer saber. Precisa garantir seus lucros e teme que a zona do euro afunde de vez. Levaria com ela seus enormes investimentos especulativos.
Consultas populares são instrumentos democráticos importantes. Mas podem ter resultados indesejados. Elas não acontecem num terreno neutro. Nem sempre são favoráveis às lutas populares. Hitler, por exemplo, convocou cinco plebiscitos entre 1933 e 1938. E o que esperar de uma consulta popular sobre pena de morte no Brasil?
A democracia da Grécia Antiga não incluía a todos. Mas tinha como um dos princípios a “isegoria”: direito que todos os cidadãos tinham de manifestar sua opinião nas assembléias da cidade. Isso desapareceu de vez nos tempos atuais.
Há o poder econômico, os monopólios da mídia, poderosas instituições tradicionais, ausência de mecanismos permanentes de participação. Apenas uma minoria consegue divulgar sua opinião. É grande o risco de que plebiscitos tornem-se jogos de cartas marcadas.
No caso da Grécia, como vão se posicionar as forças populares? A favor do plebiscito para derrotar os neoliberais? Ou contra ele porque uma vitória do governo pode legitimar as medidas propostas? Decisão difícil. Seja qual for, que a rebeldia grega continue nas ruas.
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