A sequência de governos petistas no Executivo
federal provocou um bom debate entre algumas poucas e brilhantes figuras da
universidade. São jovens estudiosos que procuram decifrar o que representa essa
experiência na história nacional.
É o caso de Marcos Nobre, que usa o conceito de “peemedebismo”.
Para o filósofo, o peemedebismo caracteriza governantes que privilegiam
supermaiorias parlamentares. Com isso, ignoram as reformas necessárias e
“blindam” o sistema político em relação às pressões da sociedade.
Principalmente, de seus setores populares.
Esse modo de governo teria começado já no governo
Itamar. Poderia ter sido desafiado pelo governo Lula, mas acuados pelas
denúncias do “mensalão”, em 2005, os petistas teriam optado por aderir ao
peemedebismo.
Em depoimento à revista Carta Capital, em setembro
de 2013, Nobre disse que as jornadas de junho daquele ano eram uma resposta a
esse sistema político. Uma revolta contra a democracia reduzida à votação em
urna a cada dois anos. Naquela altura, ele esperava que as reações populares
provocassem algum tipo de mudança radical, mas não sabia quando, nem como.
No entanto, matéria publicada pelo jornal El País em 11/09
mostra que o peemedebismo continua forte. Na reportagem, Marina Rossi e Afonso
Benites dizem que, confirmadas nas urnas as pesquisas, o PMDB “governará,
direta ou indiretamente, quase 77 milhões de brasileiros”.
Adequado ou não o conceito utilizado por Nobre, o
fato é que a política institucional renova os sinais de que continuará velha.
Resta saber se este modo de gerenciar o poder não despertará novas
insurreições. Que elas ressurjam em breve e mais radicais são os únicos votos
que realmente andam valendo a pena.
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