Doses maiores

17 de setembro de 2014

Contra o peemedebismo votos que valem a pena

A sequência de governos petistas no Executivo federal provocou um bom debate entre algumas poucas e brilhantes figuras da universidade. São jovens estudiosos que procuram decifrar o que representa essa experiência na história nacional.

É o caso de Marcos Nobre, que usa o conceito de “peemedebismo”. Para o filósofo, o peemedebismo caracteriza governantes que privilegiam supermaiorias parlamentares. Com isso, ignoram as reformas necessárias e “blindam” o sistema político em relação às pressões da sociedade. Principalmente, de seus setores populares.

Esse modo de governo teria começado já no governo Itamar. Poderia ter sido desafiado pelo governo Lula, mas acuados pelas denúncias do “mensalão”, em 2005, os petistas teriam optado por aderir ao peemedebismo.

Em depoimento à revista Carta Capital, em setembro de 2013, Nobre disse que as jornadas de junho daquele ano eram uma resposta a esse sistema político. Uma revolta contra a democracia reduzida à votação em urna a cada dois anos. Naquela altura, ele esperava que as reações populares provocassem algum tipo de mudança radical, mas não sabia quando, nem como.

No entanto, matéria publicada pelo jornal El País em 11/09 mostra que o peemedebismo continua forte. Na reportagem, Marina Rossi e Afonso Benites dizem que, confirmadas nas urnas as pesquisas, o PMDB “governará, direta ou indiretamente, quase 77 milhões de brasileiros”.

Adequado ou não o conceito utilizado por Nobre, o fato é que a política institucional renova os sinais de que continuará velha. Resta saber se este modo de gerenciar o poder não despertará novas insurreições. Que elas ressurjam em breve e mais radicais são os únicos votos que realmente andam valendo a pena.

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