“Como os ricos dominam” é o título de artigo
publicado pelo Valor, em 11/09, escrito por Dani Rodrik, professor de Ciências
Sociais em Nova Jersey, Estados Unidos. A principal questão do texto é saber como
políticos se elegem e são reeleitos, mesmo quando atendem principalmente os
interesses da minoria mais rica.
Tentando responder a pergunta, a matéria cita
estudo de dois cientistas políticos estadunidenses. Martin Gilens e Benjamin
Page utilizaram dados de pesquisas de opinião realizadas entre 1981 e 2002 nos Estados
Unidos. Eles teriam descoberto que quando os interesses das elites são
distintos daqueles do restante da sociedade, é a opinião das primeiras que
conta para os governantes.
O que explicaria, então, as permanência de
governos que agem dessa forma há décadas? O fato de que os “cidadãos comuns”
frequentemente têm preferências similares aos dos mais ricos, concluem os
pesquisadores. Seria a adoção pelos debaixo dos valores e ideias que favorecem
os que ficam acima deles na escala social.
A conclusão semelhante já haviam chegado Marx e
Engels em 1846. É o que mostra o famoso trecho de sua obra “A Ideologia Alemã”,
que diz: “as ideias dominantes em uma sociedade são as ideias da classe
dominante”.
Mas os revolucionários alemães não chegaram a essa
conclusão através de estudos acadêmicos. Seu campo de pesquisa era o mesmo em que
eram parte atuante. O da militância política. Marx e Engels não estavam à
frente de seu tempo. Apenas ligaram-se aos interesses da maioria explorada que lutava
por outro futuro.
150 anos depois, a academia ainda reluta em reconhecer o
óbvio porque é dominada pelas ideias dominantes.
Leia também: Marx
e os trovões do capital
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