Estranho o escândalo que muitos petistas andam
fazendo em torno dos recuos de Marina Silva.
É verdade que a candidata pessebista voltou
atrás no apoio ao casamento gay e no combate ao agronegócio e aos transgênicos.
Também mudou de ideia quanto à necessidade de revisar a anistia que livra a
cara dos torturadores da ditadura militar. Mas Dilma fez coisas muito parecidas.
Em 2010, no segundo turno, a campanha de Serra
insinuou que a petista seria favorável ao aborto e ao casamento gay. A candidata
petista lançou uma Carta Aberta que tinha entre seus compromissos a manutenção da
legislação que criminaliza o aborto. Também prometeu não tomar qualquer iniciativa
que afrontasse “a família”. Ou seja, virou as costas para as lutas das mulheres
e LGBT.
Depois de eleita, a presidenta mostrou que tem
palavra. Pelo menos, quando ela é empenhada junto a setores conservadores. Em maio
de 2011, Dilma vetou a produção de um kit anti-homofobia que seria distribuído
nas escolas pelos Ministérios da Educação e da Saúde.
A descriminalização do aborto continua
engavetada. Mesmo que isso continue custando a vida de milhares de mulheres.
Em 31 de março passado, quando se completavam
50 anos do golpe militar, a presidenta declarou ser contrária à revisão da Lei
da Anistia. Optou por manter intacto esse dispositivo legal, que mantém longe
dos tribunais os carrascos do Regime Militar.
Nada disso torna a candidata petista muito
pior que sua adversária. Ambas se igualam na firme determinação de traírem a
dignidade de suas próprias trajetórias, enquanto renegam o presente e o futuro a
milhões de lutadoras e lutadores.
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