Existe a corrupção pré-eleitoral: o financiamento de
pessoas e partidos por fontes ilegais – em troca da promessa, explícita ou
tácita, de favores futuros. Existe a corrupção pós-eleitoral: o uso do cargo
para obter dinheiro pela malversação de receitas, ou por propinas em contratos.
Existe a compra de vozes ou votos nos parlamentos. Existe o roubo direto do
erário. Existe o enriquecimento resultante do exercício de cargo público,
antes, durante ou depois.
O trecho acima
não diz respeito à política institucional brasileira. É de um longo e
esclarecedor artigo de Perry Anderson publicado na revista Piauí, em agosto. O
título é “Berlusconização da política” e refere-se ao que vem acontecendo na Europa.
Anderson faz um
panorama da lama em que chafurdam governantes de vários cantos da Europa. Não
apenas na Itália, nem somente Berlusconi. Este último serve apenas como imagem
que resume tudo.
Os alemães Helmut
Kohl e Gerhard Schröder. Os franceses Jacques Chirac, François Hollande,
Nicolas Sarkozy. O espanhol Mariano Rajoy. O grego Akis Tsochatzopoulos e o
turco Tayyip Erdogan. Estes são apenas alguns dos governantes da União Europeia
envolvidos em escândalos bilionários. Com exceção de Tsochatzopoulos, condenado
à prisão, o restante continua ileso.
Nada mais lógico.
Afinal, diz o artigo, se “hospitais, escolas e prisões podem ser privatizados e
transformados em empresas lucrativas, por que não seria assim também com os
cargos públicos?”
Enquanto isso, a
Zona do Euro afunda cada vez mais na recessão. No Brasil, ainda não chegamos a
isso. Mas já temos na política oficial uma base moral comum para pensar nos
povos europeus como companheiros de infortúnio.
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