Em 1884, havia uma associação secreta, em Pernambuco, chamada Clube do Cupim. Seu objetivo era ajudar escravizados a fugir para o Ceará e outras regiões do Nordeste onde ficavam a salvo da perseguição dos capitães do mato.
“Caifases” era o nome de uma célula revolucionária que funcionava em São Paulo nos anos que antecederam a Lei Áurea de 1888. Seus membros penetravam nas propriedades rurais disfarçados de mascates e vendedores ambulantes. Promoviam reuniões clandestinas com grupos de escravos, incentivando-os a se rebelarem. Perseguiam capitães-do-mato e denunciavam fazendeiros acusados de maltratar seus cativos. Organizavam e patrocinavam fugas em massa de escravos, que eram levados para abrigos situados em Cubatão, no litoral paulista. Ali obtinham dos abolicionistas certificados falsos de liberdade, que lhes possibilitava trabalhar como estivadores no porto ou em fazendas. Um desses refúgios, o Quilombo do Jabaquara, no caminho de Santos, chegou a reunir 20 mil pessoas.
Os exemplos acima estão relatados no terceiro volume da trilogia “Escravidão”, de Laurentino Gomes. São apenas dois casos, mas mostram que a Abolição nunca foi iniciativa de uma princesa branca condoída dos escravizados. Ao contrário, foi produto das muitas lutas protagonizadas, principalmente, por negros, indígenas e brancos pobres.
Todo esse processo de resistência passou por momentos importantes como Palmares, Conjuraçao Baiana e Revolta dos Malês, mas continuou após o fim da escravidão. Canudos, Contestado e Revolta da Chibata, por exemplo, são lutas que fazem parte dessa grande tradição de insurgência popular. E elas continuam necessárias porque os escravocratas e racistas em geral permanecem firmes e precisam ser combatidos sem trégua. Sempre a partir de baixo e avante!
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