Em agosto de 2022, o Coletivo Desmedida do Possível lançou um manifesto muito lúcido e necessário sobre as eleições que se aproximam e seus desdobramentos. Abaixo, alguns trechos:
Somos pela derrota de Bolsonaro. Logo, somos pela eleição de Lula. (...) Uma vitória de Bolsonaro pode abrir as portas para o golpismo, mas uma derrota também. Nada é garantido. No entanto, sua derrota eleitoral assegura que o golpismo continuará ilegítimo e ilegal.
(...)
O retorno da contenção lulista pode ser um passo para trás, de uma classe dominante em busca de uma saída da Nova República. No fundo, seria uma antessala de novas batalhas. O novo consenso parece ser uma trégua, para retomar uma guerra inevitável.
(...)
A dinâmica da guerra emana das formas de reprodução da vida brasileira. Há uma guerra dos de cima, contra os de baixo. Há uma guerra do Estado, contra a população preta e pobre. Mas, acima de tudo, a guerra é cotidiana, porque a forma de vida é concorrencial: o desempregado concorre com o desempregado, mas também com quem está empregado. Que, por sua vez, concorre com seus colegas de emprego.
(...)
Vivemos um mundo que produz em abundância, mas essa abundância é vivida como escassez. Esse feitiço tem um nome: mercadoria.
(...)
Não está claro se a paz tem futuro. Mas está claro que só teremos um futuro emancipado, à altura da nossa imaginação, se escaparmos da política da mercadoria. As eleições, no estágio atual, servem globalmente para encobri-la. No avesso das eleições, talvez possamos descobrir algum caminho.
Vale a pena ler a íntegra, disponível aqui.
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