Voltamos ao livro “A Religião do Capital”, de Paul Lafargue. Publicada em 1886, a obra nada sagrada e muito satírica mantém muito de sua atualidade.
Por exemplo, quando o catecismo dessa nova e poderosa religião laica ordena aos trabalhadores proceder da seguinte maneira em relação a suas economias: Levá-las às caixas econômicas do Estado para que possam ser utilizadas para cobrir os déficits do orçamento público. As quantias depositadas nas caixas de poupança são utilizadas para liquidar a dívida flutuante, que chega a muitos bilhões. Todos os anos, os superávits das contas públicas são usados para compensar os déficits do orçamento. Afinal, o Sr. Ministro das Finanças destacou o perigo que esta situação representa. O Estado pode falir caso os depositantes venham a reivindicar seu dinheiro.
Devemos sempre colocar nossas economias à disposição de nossos senhores, recomenda a doutrina. E nos resignarmos quando os filantropos das finanças, antecipando nossas demandas, nos anunciam que nossas economias se dissiparam em fumaça.
Enquanto isso, diz o texto sagrado, o capital nos concede a inocente distração de eleger legisladores que fazem leis para nos punir. Mas nos proíbe de nos ocupar com política e de dar ouvidos aos socialistas.
Nossos padres mais cultos, os economistas oficiais, dizem que a religião do capital existe desde o início do mundo. Mas como ela era ainda muito pequena, Júpiter, Jeová, Jesus e outros falsos deuses reinaram em seu lugar e em seu nome. Mas desde cerca do ano de 1.500, cresceu e continua a crescer em massa e poder. Hoje domina o mundo, arremata Lafargue.
Assim foi. Assim é...
Nenhum comentário:
Postar um comentário