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15 de setembro de 2022

Escravidão: a soberania nacional humilhada pelos ingleses

Em 1826, a Inglaterra condicionou seu apoio à independência do Brasil à aprovação de uma lei em nosso parlamento proibindo o tráfico negreiro. Era a famosa “lei para inglês ver”, já que jamais foi cumprida.

Até que em junho de 1850, uma frota inglesa patrulhava o litoral brasileiro para reprimir o contrabando negreiro e um de seus navios flagrou o desembarque de escravizados no porto de Paranaguá, no litoral paranaense.

O capitão da frota capturou dois navios negreiros e ameaçou bombardear o porto. O comandante local respondeu com tiros de canhão. Mas o poder de fogo da frota britânica era tão superior que os ingleses se limitaram a disparar poucos tiros para evitar um massacre e uma crise diplomática.

Enquanto isso, no Rio, o governo imperial avaliou que resistir poderia ser desastroso. Além do risco de ataques às capitais e cidades litorâneas pela poderosa armada britânica, um bloqueio marítimo paralisaria completamente o comércio brasileiro. A economia iria à ruína. A única saída, portanto, era acabar de uma vez por todas com o tráfico de escravos.

Desse modo, em tempo recorde, o ministro da Justiça Eusébio de Queirós convocou a Câmara dos Deputados para, às pressas, finalmente aprovar um projeto emperrado na burocracia legislativa desde 1837.

Em 4 de setembro, 65 dias após a troca de tiros em Paranaguá, o imperador sancionou a lei que suprimia definitivamente o comércio de gente. Foi assim que a vergonha da escravidão fez o país que ainda comemorava sua soberania recém-conquistada humilhar-se diante dos canhões britânicos.

O relato acima está no terceiro volume da trilogia “Escravidão”, de Laurentino Gomes.

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