“PRF se tornou modelo de polícia do bolsonarismo” diz o editorial do Globo de hoje. O texto começa citando uma reportagem da revista “piauí", segundo a qual a PRF passou “de uma polícia dedicada ao patrulhamento de rodovias federais” para uma corporação responsável por operações policiais e chacinas elogiadas pelo clã Bolsonaro.
O editorial lembra a ação da PRF no massacre de Varginha, Minas Gerais, ocorrido em outubro de 2021. Nele morreram 26 homens, que estariam se preparando para assaltar uma agência do Banco do Brasil. Meses depois, 41 policiais rodoviários mataram 23 supostos traficantes no Complexo do Alemão, no Rio. Foi a segunda ação mais letal na história do estado.
Em 2019, prossegue o texto, a PRF matou quatro pessoas. Em 2020, 16. Em 2021, 35. Em 2022, até junho, foram 38, incluindo um motociclista sufocado com gás lacrimogêneo no porta-malas de uma viatura em Sergipe.
O editorial termina dizendo que, com “maior letalidade, a PRF vem se tornando aos poucos o modelo de polícia do bolsonarismo”.
Muita hipocrisia do jornalão carioca. Afinal, as ações da “PRF bolsonarista” não configuram um rompimento em relação ao modo que vêm ser comportando as forças de repressão do Estado brasileiro, em todos os seus níveis. Essa é a prática corrente das polícias há muitas décadas no Brasil. Talvez, séculos. E, provavelmente, trata-se de um dos fatores responsáveis pela eleição de Bolsonaro. Uma relação de mútuo reforço entre o que o bolsonarismo criou e o que criou o bolsonarismo.
Afastado Bolsonaro da presidência, muito provavelmente seguirá forte a política genocida que tentam atribuir apenas a ele.
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Quando era criança, mais ou menos por volta de 1962, o guarda rodoviário era um exemplo de integridade, comentava-se que ele ganhava bem e portanto não se prestava à corrupção, quanto mais o que virou agora. Lembro um caso curioso familiar, não digno por conta da minha família, em que um guarda rodoviário parou o carro onde ia toda minha família, eu, meu irmão que era o motorista, meu pai e mãe. Não tendo problema nenhum ou algo que não impedia de seguirmos viagem, o guarda liberou a gente para prosseguir viagem. Foi quando o meu irmão pediu ao meu pai um dinheiro e foi dar ao guarda rodoviário. Este ficou muito indignado, e disse que só não apreendia o veículo pelo que considerou suborno, em respeito à minha mãe e a criança que era eu. Foi toda a família quietinha no carro seguindo viagem e reconhecendo o erro cometido. Talvez um caso esporádico este, pode até ser, mas que tinha outra fama, tinha.
ResponderExcluirLembro dessa fama também. Até tinha aquela série Vigilante Rodoviário. Mas o editorial do Globo diz que esses PRFs violentos seriam mais aqueles que entraram recentemente. Não sei se foi um concurso pra cargos específicos, voltados mais pra repressão. Parece que se diferenciariam dos mais antigos. De qualquer maneira, o aparelho todo de repressão está sob uma lógica miliciana há muito tempo
ExcluirEu não lembro disso não de minha infância, muito pelo contrário. Ser parado pela PRF nos anos 70/80/90 era, na maioria das vezes, sinônimo de ser extorquido. E isso só veio a melhorar depois da virada do milênio com diversos PRF tendo sido presos, e com a entrada de muita gente nova na corporação,
ResponderExcluirVocê é um pouco mais novo. Talvez, um pouco mais tarde, já como produto da ditadura, a corrupção tenha se generalizado. Mas a situação atual é pior porque não é só corrupção. É extermínio da população vulnerável também. Abraço!
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