A luta dos bombeiros do Rio de Janeiro poderia ser apenas mais uma campanha salarial. Mas, trata-se de uma corporação militar. Em outros países o combate a desastres e os salvamentos costumam ficar por conta da Defesa Civil. Nada a ver com atividades cuja vocação fica bem distante do resgate de vidas. É mais uma herança maldita da ditadura militar de 64.
A dominação burguesa tem muitas sutilezas. É a ação conservadora da grande mídia, escolas, religiões e tradições. A alienação consumista que anestesia e desarma. A ilusão da participação democrática através de eleições pagas a peso de ouro. O canto da sereia da vitória individual.
Mas, quando tudo isso já não funciona. Quando uma crise deixa aparente o esqueleto feio do poder e a revolta popular sai dos cantos escuros. Aí, a classe dominante não tem dúvidas. Utiliza as tropas que treina diariamente e as armas que acumula em arsenais cada vez maiores.
O problema é que se trata de seu último recurso. Se ele falha, tudo o mais pode vir abaixo. Em todas as grandes revoluções sociais, a força militar dos explorados não foi o fator decisivo. Decisiva foi a falha do dispositivo militar dos poderosos. Por isso, a revolta de soldados e cabos causa pânico na classe dominante.
Os bombeiros fluminenses não estão questionando a ordem. Querem melhores salários e algum respeito. Mas, fazem parte das forças da repressão. Daí, a reação desproporcional do Estado. É quase uma confissão. Mostra a dependência dos poderosos em relação à violência para manter seu domínio.
É o bastante para justificar todo o apoio à luta dos bombeiros!
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Muito bom!
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