O Japão tem um dos maiores mercados consumidores do mundo. Sua economia produz trilhões de dólares por ano. Num mercado assim, as embalagens são muito importantes. Entre os japoneses, elas são ainda mais criativas e atraentes.
As letras de alguns alfabetos orientais recebem o nome de ideograma. A grande maioria deles é baseada em imagens ou idéias. O ideograma japonês para a palavra “embalagem” tem como origem a imagem de uma mulher grávida.
Talvez, seja um modo de dizer que o ato de presentear é tão importante como dar à luz um novo ser. Algo tão bonito que deveria ser preservado como o pacote que o simboliza. Por isso, entre os japoneses, fica mal abrir um presente ao recebê-lo. Demonstraria mais interesse em seu valor material do que no ato em si.
Trata-se de um costume muito antigo. O mercado japonês aproveitou-se dele para se especializar no setor de embalagens. Mas, esse traço persistente da cultura japonesa não combina com o mundo frio e utilitário do consumismo. Verdadeiros presentes não são mercadorias.
Ao mesmo tempo, a palavra “embalar”, em português, também descreve o ato de balançar carinhosamente uma criança. É possível que por trás desse misterioso jogo de palavras esteja um pouco da luz desinteressada que a humanidade ainda é capaz de fazer brilhar. Algo que contradiz a lógica dura e pura da troca monetária. Uma estranha delicadeza, muito bem vinda.
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Interessante abordagem!
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