Os gregos são considerados os criadores da democracia. Mais precisamente, os atenienses da Antiguidade. O povo decidia os rumos da cidade em assembléias feitas em praça pública. Reunidos na ágora, cada homem teria direitos iguais de eleger e ser eleito.
Não é bem assim. Mulheres, estrangeiros e escravos estavam excluídos da vida política. E somente após o governo de Péricles (461 e 429 a.C.), a participação política passou a ser permitida a trabalhadores braçais: lavradores, pedreiros, artesãos, etc.
Mesmo assim, deviam ser grandes as dificuldades dos trabalhadores para atuar politicamente. Afinal, não devia ser fácil enfrentar os desocupados da classe dominante. Gente que dispunha de muito tempo livre para aperfeiçoar os dons da retórica e do raciocínio.
A política ateniense certamente cuidava muito mais dos interesses dos que mandavam na cidade. Era um sistema para poucos. Hoje, praticamente todo o povo grego tem direitos eleitorais iguais. A democracia já não seria tão restrita.
Não é o que se viu nos últimos dias. Os deputados gregos isolados, blindados, trancados. Reunidos para aprovar medidas que a maioria de seu povo rejeita.
Os “trabalhadores braçais” pararam o país com uma greve geral. O povo tomou a ágora. Cercou o prédio do parlamento. Enfrentou a repressão policial. Nada disso impediu a adoção de medidas exigidas por instituições estrangeiras. Apoiadas por uma minoria dos gregos.
Democracia política sem democracia social é sinônimo de exclusão da maioria. Enquanto houver quem viva da exploração do trabalho alheio será assim. Mais ou menos como era há uns 2.500 anos.
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