Doses maiores

10 de junho de 2011

Trabalhe de graça pra Globo

Que tal trabalhar quase de graça para um poderoso monopólio de comunicações?

É só participar do projeto “Parceiros da Globo”. Trata-se de reportagens feitas por telespectadores. Por enquanto, vem sendo implantado no Rio e em São Paulo. Em breve, em Brasília.

Na capital fluminense, o projeto “Parceiros do RJTV” conta com 16 colaboradores de "comunidades cariocas". Na capital paulista, trabalham para o SPTV 14 moradores de sete regiões com diferentes graus de instrução e classe social.

Segundo a emissora, seria uma forma de dar voz aos cidadãos. Não é o que pensa o Sindicato dos Jornalistas do Rio de Janeiro. Carta da entidade enviada à Globo afirma que:
“...repórteres e repórteres cinematográficos estão sendo substituídos por jovens inexperientes submetidos a um rápido treinamento, e a baixo custo, numa precarização inadmissível do mercado de trabalho”.
Tudo leva a crer que a razão está com a entidade sindical. Aliás, essa prática já vem acontecendo de modo informal. E não só na Globo. É só acompanhar a programação das TVs e rádios para verificar o uso intensivo de material enviado por “repórteres” e “artistas” voluntários.

São milhares de imagens e áudios enviados às emissoras. Uma verdadeira fonte de informações e criatividade à disposição da grande mídia. De vídeos de crianças e animaizinhos a boletins de trânsito e registros de tragédias e acidentes. Tudo com uma embalagem colaborativa e cheia de ares festivos. Quase tudo a custo zero.

O pior é que vendem isso como uma espécie de democratização das telecomunicações. Não passa de exploração combinada com enganação ideológica.

Leia também: Para a mídia, só vale política suja e autorizada

Um comentário:

  1. E qual o problema de trabalhar de graça para a rede Globo? Deveriam era pagar para trabalhar para tão maravilhosa rede de telecomunicações, que tanto vem contribuindo para o desenvolvimento da democracia e para o desenvolvimento intelectual desta nação...
    E eu vou daqui até o acre plantando bananeira pelada se os tais 'reportes' colaborativos não estão almejando uma futura contratação. qualquer estudante de jornalismo mais tapado faz uma presepada dessas e se acha "o cara".
    Deveríamos ea bater palmas pra globo: ao invés de explorar a força de trabalho ao máximo do proletariado ela consegue com que o proletariado 'pague' para ser explorado.
    Certamente um 'case' de sucesso a ser exibido ao mundo capitalista.
    Agora, dá li cença, vou pegar meu saquinho de vômito.

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