Erradicação da miséria. Diminuição da pobreza. Crescimento da classe C. Estas são algumas das expressões mais usadas, ultimamente. Em geral, para comemorar uma suposta queda na desigualdade social.
Em termos estatísticos, pode até ser. Já a realidade, é bem mais complicada. É o que mostra, por exemplo, a reportagem “O Brasil duro de acabar”, publicada pelo jornal paranaense Gazeta do Povo, em 07/10/2010.
Os jornalistas Mauri König e Heliberton Cesca comparam a situação econômica de duas famílias na Vila Pantanal, bairro pobre da periferia de Curitiba. Elza vive com o marido e filho pequeno. Luiz mora com a mulher, dois filhos, nora e neta. Uma cerca de arame separa as casas das duas famílias. Mas, para o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), uma família é pobre, a outra é miserável.
Segundo os critérios do órgão governamental, pobre é quem tem renda mensal de até meio salário mínimo: R$ 255. Miserável é quem ganha metade disso: R$ 127,50. A família de Elza sobrevive com menos de R$ 300 mensais. São R$ 100 por cabeça. Abaixo da linha da miséria, portanto. Já a família de Luiz conta com R$ 1.475 mensais. Com rendimento de R$ 245 por pessoa, aparece na faixa da pobreza.
Para deixar de ser pobre, cada membro da família de Luiz só precisaria receber mais R$ 10. Ainda pelos critérios estatísticos, Luiz pertence à classe C. Sua família está entre as que recebem de R$ 1.115 a R$ 4.807 por mês. Faixa que reuniria mais de 100 milhões de brasileiros.
Estatísticas são assim. Podem mostrar coisas bonitas ou feias. Depende do ângulo de observação.
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