Nós
o povo Munduruku do Médio e Alto Tapajós continuamos a autodemarcação do nosso território Daje Kapap Eipi,
conhecido como Terra Indígena Sawre Muybu.
Eles relatam ter andado mais
de 100 km para defender seu “território sagrado”. Como nossos antepassados, afirmam,
“continuamos limpando os nossos picos, fiscalizando, formando grupos de vigilância e abrindo novas aldeais”.
Durante a missão, os indígenas
expulsaram dois grupos de madeireiros, ao descobrirem “nossas árvores
derrubadas e as nossas castanheiras como torra de madeira em cima de um caminhão”.
Eles deram três dias
para os invasores retirarem todo o seu equipamento. As armas que utilizaram, dizem,
foram “nossos cânticos,
nossa pintura, nossas flechas e a sabedoria dos nossos antepassados”.
Apesar da singeleza
dessas “armas”, os madeireiros foram expulsos. Algo que “nem o ICMBIO, IBAMA e
FUNAI conseguiram”, relatam. E concluem:
Somos
capazes de cuidar e proteger o nosso território para nossos filhos e as futuras
gerações.
Ninguém vai fazer medo e ninguém vai impedir porque nós mandamos na nossa casa
que é nosso território. Estamos aqui defendendo o que é nosso e não dos
pariwat. Por isso sempre vamos continuar lutando pelas demarcações dos nossos territórios. Nunca vão
nos derrubar. Nunca vamos negociar o que é sagrado.
Será́
que vai precisar morrer outros parentes, como aconteceu com a liderança Wajãpi, para que os órgãos
competentes atuem?
Mas se depender da “competência”
oficial, os povos indígenas terão que passar da autodemarcação à autodefesa utilizando
armas que não se limitem a cânticos, pintura e sabedoria. Infelizmente, prevalecerá a lógica da barbárie branca e capitalista.
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de um professor Munduruku