O livro “Estratégia socialista e arte militar”, de Emilio Albamonte e Matías Maiello é uma fraterna provocação à esquerda. Afinal, perguntam eles, nos tornamos pacifistas? Pior que isso, deixamos de discutir estratégia?
Grosseiramente falando, a diferença entre tática e estratégia é a mesma entre meios e fins. Mas, aparentemente, a esquerda vem concentrando tanto tempo e esforço nos meios que acabou esquecendo os fins a que eles devem servir.
Albamonte e Maiello utilizam a elaboração de Carl von Clausewitz como meio para discutir os fins defendidos por personalidades como Marx, Engels, Lênin, Trotsky, Guevara e tantos outros. Todos eles também estudiosos da obra do grande estrategista militar prussiano. É famosa a frase em que Clausewitz define a guerra como “continuação da política por outros meios”. Em outras palavras, são os objetivos políticos, mais do que os militares, que devem predominar numa guerra.
Assim, nas sociedades de classe, o contrário do pacifismo não é a beligerância. É a consciência de que não se trata de debater se ações armadas acontecem ou não. Mas como os explorados, suas maiores vítimas, podem se defender delas. Afinal, no capitalismo, o contrário da guerra não é a paz, mas o massacre. A morte constante e massificada de pobres e não brancos. Das minorias e maiorias exploradas e discriminadas.
Guerrilhas, milícias populares, ações armadas. Nenhuma dessas formas de autodefesa popular deve ser um fim em si mesmo. Nosso objetivo é o socialismo. É uma sociedade justa, em que as ações bélicas pertençam a um triste passado. Admitido isso, nossas táticas não podem baixar a guarda frente à trágica violência do presente.
Até maio!
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