Enquanto as ruas brasileiras
se iluminam com a revolta popular, a economia internacional continua sombria.
Nos últimos dias, as principais bolsas de valores do mundo andaram despencando.
Um dos motivos é o fim dos
estímulos pelo governo dos Estados Unidos a sua economia. O banco central
americano alega que o cenário econômico já teria melhorado o suficiente para
abrir mão do dinheiro público. Mas se isso fosse verdade, o mercado não teria
entrado em pânico.
Outro motivo de preocupação é
bem mais grave. São alguns números vindos da China. Há previsões de que o PIB chinês
cresça 7,4%, em vez dos 7,8% esperados anteriormente. Parece pouco, mas estamos
falando da fábrica do mundo e um dos maiores consumidores mundiais de matéria
prima.
Mas o pior nem é isso. Há sinais
de uma crise de crédito na China. O banco central chinês entende que há excesso
de financiamentos para atividades não produtivas, ou seja, especulativas. Como
todos os bancos do país são estatais, isso poderia ser facilmente resolvido. Bastaria
que o governo desse uma ordem e os empréstimos mudariam de direção.
O problema é que há um
sistema financeiro paralelo em funcionamento. São bancos sem supervisão das
autoridades, que emprestam para quem não consegue recursos nos bancos oficiais. Há
quem já considere esses recursos como “créditos podres”. Os analistas chamam esse
tipo de operação de “financiamento na sombra”
Qualquer semelhança com o “subprime”
americano não é coincidência. É capitalismo em seu mais alto grau de risco. Uma
crise na China apenas parecida com a estadunidense de 2008 afundaria de vez o
mundo nas trevas.
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