Em 24/03, Malu Gaspar publicou “O que
de fato divide os brasileiros (não é o impeachment)”, na revista Piauí. A
matéria comenta pesquisa do Data Popular sobre as recentes manifestações
contrárias e favoráveis ao governo.
O instituto, que é especializado em análises
envolvendo as faixas de renda das chamadas classes C, D e E, teria concluído que
“os mais pobres” não foram a nenhuma das manifestações. Primeiro, porque eles
as consideram “coisa de rico”. Depois, por não acreditarem que a queda de Dilma
traria mudanças radicais no cenário econômico e social.
Além disso, aqueles que apoiam o
impeachment apontam como motivo principal o encolhimento de programas sociais como
Bolsa Família, Minha Casa Minha Vida, Pronatec e Prouni, e não a corrupção.
Enquanto isso, em 23/03, ocorreu algo
preocupante em uma assembleia do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São
Bernardo do Campo. A diretoria da entidade teria tentado transformar o encontro
em ato de defesa do governo.
Diante disso, alguns trabalhadores teriam
abandonado a assembleia, ensaiando gritos de “Fora Dilma” e “Fora PT”. Talvez,
trate-se de uma minoria. Mesmo assim, seria algo inimaginável alguns anos atrás.
São trabalhadores com um nível de
organização e salários muito acima dos alcançados pelas chamadas classes C, D e
E. Mas, neste momento, mais de 2 mil deles estão com seus contratos de trabalho
suspensos.
As duas informações indicam que não
é o moralismo da classe média que mobiliza os mais pobres ou os mais
organizados. O que pode realmente indigná-los é a piora de suas condições de
vida e as traições que desmoralizam o governo que ajudaram a eleger.