“Estrelas além do tempo” é um filme
sobre três cientistas negras trabalhando na Nasa, em 1961. Baseada em fatos
reais, a trama mostra as dificuldades de Katherine G. Johnson, Dorothy Vaughan
e Mary Jackson para fazer valer seu enorme talento num dos maiores centros
mundiais de inteligência e inovação.
Os conflitos raciais são evidentes
numa época em que ainda havia banheiros separados para negros e brancos. Mas a produção
também mostra todo o machismo por trás das dificuldades que homens negros
sentiam para aceitar mulheres trabalhando na condição de cientistas de ponta.
Engana-se, porém, quem acha que isso é
coisa de filme de época.
Em 01/02, Phillippe Watanabe publicou
na Folha “Meninas de 6 anos já não se acham inteligentes e desistem de
atividades”. Segundo a reportagem, nessa faixa etária, meninas tendem a se considerar
muito menos inteligentes que os meninos. É o que diz levantamento realizado com
400 crianças entre cinco e sete anos, publicado na última edição da revista
"Science".
Outros estudos chegaram a resultados parecidos.
Mas uma pesquisa publicada na revista "Child Development", em 2011, também
descobriu que crianças entre seis e dez anos associavam matemática a homens. Por
trás dessa conclusão, a ideia de que somente nas ciências exatas a genialidade
humana pode se manifestar em seu mais alto grau.
O racismo e o machismo da NASA
mostrados pelo filme provam o contrário. É perfeitamente possível que homens
capazes de pisar na Lua carreguem na alma os valores morais de um troglodita. E
o “grande passo” atribuído à humanidade vale muito pouco quando enormes
parcelas dela continuam a ter sua dignidade pisoteada.
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