Em seu livro “Revolução das plantas”, Stefano Mancuso defende que a vida vegetal sirva de inspiração para melhorar nossas relações sociais e ambientais.
Ele começa propondo uma comparação entre animais e plantas:
Os animais se movem, as plantas ficam paradas; os animais se alimentam de outros seres vivos, as plantas alimentam outros seres vivos; animais produzem CO2, as plantas fixam CO2; os animais consomem, as plantas produzem...
Mas entre as muitas oposições possíveis, a decisiva seria, segundo ele, aquela entre concentração e distribuição.
A começar pelo cérebro. Diferente dos animais, as funções cerebrais dos vegetais ficam espalhadas por suas raízes. É o sistema radicular, que funciona como um cérebro coletivo. Desse modo, se danos no sistema cerebral de um animal podem ser fatais, nas plantas, os estragos costumam ser muito menores.
Os vegetais também contam com uma arquitetura colaborativa, distribuída, sem centros de comando, sendo capaz de resistir perfeitamente a repetidos eventos catastróficos sem perder a funcionalidade e de se adaptar com rapidez a enormes mudanças ambientais.
Essa forma de organização confere à vida vegetal grande eficiência para coletar dados exatos, utilizando uma multiplicidade de parâmetros químicos e físicos, como luz, gravidade, elementos minerais, umidade, temperatura, estímulos mecânicos, estrutura do solo e composição dos gases atmosféricos.
Realmente, trata-se de um modelo que pode inspirar novas e melhores formas de organização humana. E algumas delas até já funcionam de modo parecido. É o caso do sistema radicular da internete ou das cooperativas de trabalho e distribuição.
É o primado da desconcentração de poder e da inteligência coletiva. Obrigatório em qualquer projeto para uma sociedade socialista.
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