Yanis Varoufakis foi ministro das Finanças da Grécia. Renunciou
quando o governo de que participava traiu compromissos eleitorais e passou a
negociar com as instituições financeiras que vinham asfixiando a economia
grega.
Em 20/01, ele publicou “Trump encarará realmente o dragão
chinês?” no portal Outras Palavras. O artigo procura mostrar o potencial altamente
explosivo dos ataques do presidente recém-empossado à China. Afinal, diz ele,
Trump dirige um país “incapaz de qualquer ato relevante sem articulação com a
China.”
Para começar, argumenta ele, os Estados Unidos foram
“salvos pelo Dragão” depois da crise de 2008. Segundo Varoufakis, os líderes
chineses criaram “uma bolha insustentável de investimentos para dar uma chance
de ação conjunta à Europa e Estados Unidos”.
Mas como nenhum dos dois nada mais fez que continuar
despejando dinheiro nos mesmos bancos que quebraram seus mercados, a economia
mundial continuou patinando. Aí, chegou 2015 e “a China teve que impulsionar,
mais uma vez, a criação de crédito”. Resultado:
Hoje, o boom do crédito da China é
sustentado por garantias quase tão ruins quanto àquelas em que a Bear Stearns,
Lehman Brothers, e os demais bancos estavam confiando em 2007.
É essa interdependência econômica que Trump parece estar
desconsiderando. Qualquer solavanco na economia chinesa chacoalha toda a
economia global. Mas é ainda mais perigosa para os Estados Unidos, que transferiu
grande parte de seu parque industrial para o gigante asiático.
O fato é que, se a China puxa o trem do capitalismo mundial
atualmente, os trilhos do sistema continuam levando rumo ao abismo. E Trump pode
estar jogando ainda mais lenha na caldeira dessa locomotiva desgovernada.