Em
sua biografia sobre Marx, Francis Wheen conta que em 1849, ele e Engels foram levados
a julgamento em Colônia, na Alemanha, acusados de insultar o promotor público
local. Em um discurso de uma hora, Marx mostrou a mente brilhante que o Direito
perdeu quando ele se recusou a seguir a carreira do pai:
Prefiro
seguir os grandes acontecimentos do mundo, analisar o curso da história, do que
ocupar-me com chefes locais, com a polícia e com magistrados de acusação. Por
maiores que esses senhores possam imaginar-se em sua própria fantasia, não são
nada, absolutamente nada, nas gigantescas batalhas da atualidade. Eu considero
que estamos fazendo um verdadeiro sacrifício quando decidimos cruzar lanças com
esses oponentes. Mas, em primeiro lugar, é dever da imprensa avançar em nome
dos oprimidos (...). Seu dever prioritário é minar todos os fundamentos da
situação política existente.
E sentou-se sob os aplausos
de uma sala de audiências lotada. Marx e Engels tinham conquistado sua
absolvição.
Mal houve tempo para comemorações.
No dia seguinte, Marx estava de volta ao tribunal com outros membros do Comitê Distrital
dos Democratas do Reno. Desta vez, acusados de
"incitamento à
revolta". Tratava-se de uma manifestação do Comitê em apoio a uma milícia
popular formada para lutar contra impostos extorsivos que haviam sido aprovados
pouco antes. Marx arrancou nova absolvição, ao lembrar o direito reconhecido
pela constituição vigente à “revolta por todos os meios” contra abusos fiscais.
Foi a gota d´água para
o governo. Em alguns meses, Marx seria expulso da Alemanha, sem direito a
julgamentos e a novas chances de proferir seus brilhantes discursos de defesa.