“O Walmart poderia ser uma conspiração socialista secreta?” Esta intrigante questão foi feita pelo crítico literário estadunidense e marxista Fredric Jameson no livro “Arqueologias do futuro”. Ela aparece em uma nota de rodapé e não chega a ser desenvolvida pelo autor.
Mas os jornalistas e pesquisadores Leigh Phillips e Michael Rozworski usaram a provocação de Jameson como inspiração para escrever “The People's Republic of Walmart” (“A República Popular do Walmart”). Publicado em 2019, o livro ainda não tem edição em português.
Rozworski e Phillips lembram que o varejista emprega mais trabalhadores que qualquer outra empresa privada. Se fosse um país, sua economia seria do tamanho de uma Suécia ou de uma Suíça. O que interessa a eles destacar, porém, é que o Walmart funciona como uma economia nacional planificada semelhante à adotada pela União Soviética no auge da Guerra Fria.
Além disso, arrematam os autores, a rede varejista é apenas um caso entre centenas de empresas multinacionais igualmente gigantes. Todas elas funcionando como economias planificadas, pelo menos internamente.
Ou seja, o objetivo do livro é mostrar que, ao contrário do que dizem os neoliberais, a economia planificada não é uma aposta equivocada dos socialistas. Uma proposta que o fracasso soviético teria provado ser inviável. A maior evidência disso é que os maiores campeões do capitalismo a adotam em sua organização interna.
Portanto, a provocação de Jameson faz sentido. O Walmart seria uma demonstração de que a economia planificada é possível. Principalmente, com as recentes inovações em cibernética e inteligência artificial, que poderiam ser colocadas a serviço de uma sociedade verdadeiramente socialista.
Voltaremos ao assunto.
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