Em 1791, teve início uma revolta de escravizados em San Domingue, colônia francesa que se tornaria o Haiti. Toussaint Louverture era um de seus líderes.
Três anos antes, ocorrera a Revolução Francesa. Mas o levante da plebe de Paris manteve intacta a máquina colonial. Em maio de 1791, por exemplo, a Assembleia Constituinte tornou a escravidão constitucional.
Quanto a Saint-Domingue, era consenso entre os revolucionários parisienses que a Declaração dos Direitos do Homem de 1789 não poderia ser aplicada, sob pena de destruir a “imperiosa necessidade” de preservar a divisão entre as três raças da colônia.
A Revolução Francesa tinha tomado claramente o partido dos proprietários de escravos. Enquanto isso, na colônia caribenha, reformistas mestiços buscavam uma aliança com os brancos para fortalecer a escravidão.
O fato é que, às vésperas do levante parisiense, havia em Saint-Domingue 500 mil negros cativos. E pessoas não brancas eram donas de mais ou menos um quarto dos escravizados.
Tudo isso fortaleceu em Toussaint a convicção de que os direitos da população negra de Saint-Domingue só seriam garantidos se ela própria tomasse a iniciativa política.
Condições sociais e políticas para isso não faltavam. Soldados e marujos recém-chegados da Metrópole repetiam com entusiasmo as últimas máximas sobre liberdade e igualdade dos clubes revolucionários franceses e as repassavam a escravizados nas docas. Em suas memórias, um colono branco descreveu, assustado, as cidades costeiras de Saint-Domingue daquela época como uma “escola fumegante de insurreição”.
As informações acima estão no livro "O maior revolucionário das Américas" de Sudhir Hazareesingh. Nas próximas pílulas, veremos como Louverture tornou-se mestre daquela escola fumegante de insurreição.
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