O Alto Xingu é uma área
do nordeste do Mato Grosso que integra o Parque Indígena do Xingu. Segundo o
livro “1499: O Brasil antes de Cabral”, de Reinaldo José Lopes, “três dos
grandes troncos linguísticos da América do Sul estão representados lado a lado
nesse complexo”.
Segundo a autor, seria
como se um país equivalente a metade da Suíça:
...abrigasse
ao mesmo tempo falantes do inglês e do português (línguas indo-europeias), do
hebraico e do siríaco (idiomas semitas), do zulu e do suaíli (línguas africanas
da família nígero-congolesa) — e com um bolsão de falantes de basco, só de
lambuja.
E nem por isso, diz ele,
ninguém ali se odeia ou sai matando uns aos outros, como acontece em muitas regiões
multiétnicas pelo mundo.
No passado, a região foi
ainda mais complexa. Entre os séculos 13 e 16, havia vilas dez vezes maiores
que as aldeias atuais, ocupando uma área de uns 50 hectares. Em seu auge, o lugar teria
chegado a mais de 50 mil habitantes. Mais ou menos, a população de Lisboa no começo
do século 16.
Em 1723, o bandeirante
paulista Pires de Campos escreveu que os xinguanos eram:
...muito
asseados e perfeitos em tudo que até as suas estradas fazem muito direitas e
largas, e as conservam tão limpas e consertadas que se lhe não achará nem uma
folha.
Seriam cidades esses
lugares? Sim, diz Lopes:
...desde
que se imagine um tipo de urbanismo “espalhado”, em que existe uma transição
gradual e suave entre áreas densamente habitadas, áreas rurais e regiões florestadas.
Ótima dica para quem
procura referências para utopias possíveis.