A
enorme onda de informações falsas espalhadas pelas redes digitais não é capaz
de explicar isoladamente a vitória de Bolsonaro. Mas não há como desprezar sua
importância. E alguns dados ajudam a entender como ganharam eficácia.
O
jornalista e sociólogo espanhol Ignacio Ramonet, por exemplo, apresenta os seguintes
números em entrevista publicada no portal Outras Palavras:
...a audiência média acumulada de noticiários dos
quatro principais canais dos EUA é de apenas 29 milhões de telespectadores (em
um país de 325 milhões de habitantes). Em contraste, nas redes sociais, Donald
Trump tem cerca de 30 milhões de “amigos” no Facebook e cerca de 60 milhões de
seguidores no Twitter. Para quem ele fala diretamente.
Ramonet
também cita o perigoso fenômeno dos chamados influenciadores digitais. No caso,
a estrela de reality shows, Kim Kardashian. Nas principais redes digitais, ela
tem cerca de 224 milhões de seguidores. Público que supera em mais de 100
milhões o Super Bowl, programa televisivo de maior audiência do mundo, com 113
milhões de espectadores.
Em
relação à realidade brasileira, destaque-se um estudo feito pela organização
Avaaz e divulgado em novembro passado.
Ele mostrava que 98,21% dos eleitores de Bolsonaro receberam notícias falsas
durante a eleição. Deste total, 89,77% acreditaram nelas.
Anterior
ao levantamento acima, há uma pesquisa do Monitor do Debate Político no Meio
Digital, da USP. Segundo o levantamento divulgado em abril de 2018, grupos de
família seriam o principal canal de notícias falsas no WhatsApp.
Mas,
talvez, este último dado seja aquele que pode fornecer as pistas mais importantes
sobre o que aconteceu nas últimas eleições.
Fica
para a próxima pílula.
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