O debate
sobre a Revolução Russa está longe de chegar a amplos consensos. Mas há obras historiográficas
que conquistaram grande aceitação. É o caso dos estudos de Alexander
Rabinowitch.
Pesquisador
das universidades de Columbia, Princeton e Stanford, não pairam sobre Rabinowitch
suspeitas de esquerdismo. Mas suas conclusões levam a uma interpretação radicalmente
democrática dos acontecimentos de 1917. Em especial, em relação à vanguarda
bolchevique.
É o que
mostra, por exemplo, um trecho retirado do artigo “Comoos Bolcheviques venceram”, publicado no Blog Junho:
A diferença mais fundamental entre mim e muitos
historiadores da “Revolução de Outubro” é que, na minha opinião, a capacidade
do partido em acomodar opiniões teóricas divergentes com um grau significativo
de iniciativa e independência tática por parte de agências subordinadas
nominais, bem como a estrutura descentralizada do partido e sua capacidade de
resposta ao humor popular predominante, explicam tanto o sucesso do partido (se
não ainda mais), do que a disciplina revolucionária, a unidade organizacional e
a obediência a Lenin. Pois é evidente que as táticas bem-sucedidas dos
Bolcheviques de Petrogrado, no outono de 1917, emergiram de um intercâmbio
contínuo de ideias sobre o desenvolvimento da revolução e uma constante
interação entre os membros do partido em todos os níveis com trabalhadores das
fábricas, os soldados e os marinheiros.
Claro que conclusões como essa desagradam as forças conservadoras, que
procuram mostrar a revolução bolchevique como obra de uma minoria arrogante e autoritária,
controlando um partido fortemente hierarquizado. Receita adequada para tudo,
menos para uma revolução social.
Mas nosso maior problema é que grande parte da esquerda tenta seguir receita semelhante.