A greve é o
único momento em que patrões e trabalhadores podem ficar em condições de
igualdade. Ela mostra quem realmente é essencial à produção e ao andamento dos
serviços. Mesmo assim, a ameaça de demissões está sempre presente.
No caso dos
servidores públicos, essa ameaça é bem menor. Mas sua condição legal também é
muito mais fraca. Os servidores não têm direito a acionar a Justiça Trabalhista,
por exemplo. Sua data base é constantemente desrespeitada sem que nada aconteça.
As greves
também bagunçam a hierarquia. Patrões e empregadores em geral perdem o controle
absoluto dos locais de trabalho que estão paralisados. Fica bem mais aparente
que a autogestão é perfeitamente possível.
O direito à
greve é inquestionável em qualquer democracia. Por isso, o pagamento dos dias parados não
é privilégio. Seu desconto é que é abusivo e não deveria acontecer para
grevistas de nenhum setor.
É verdade que a
greve não é incompatível com o capitalismo. Pode até ajudar na regulação do
mercado de trabalho. Muitas vezes, cria a ilusão de que melhorar os salários pode
trazer justiça social. Mas esta só é possível com o fim da exploração
capitalista.
Ainda assim, a
greve é perigosa porque é pedagógica. Ensina aos explorados a resistir. E mostra como antigos lutadores se renderam ao peleguismo. Desaprenderam tudo. Merecem
nota 10 dos patrões e todo nosso desprezo.
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