Em 18/09, Bruno P. W. Reis publicou, na Folha, um artigo
contendo uma “tipologia” dos políticos brasileiros.
Resumindo muito, haveria cinco tipos de políticos:
1
- “Incorruptíveis”: raríssimos, claro. Frequentemente derrotados, óbvio.
2
- “Politicamente engajados”: são contra ilegalidades, ainda que não possam
evitar algum contato com elas.
3
- “Tipo médio”: “joga o jogo”, o que inclui recorrer a ilegalidades.
4
- “Larápio”: se utiliza do poder para ficar rico. O corrupto típico.
5
- “Testa de ferro do crime organizado”. Está na política “para promover os
interesses da atividade criminosa”.
Segundo o autor, somente os tipos 3,4 e 5 realmente cometem
crimes. O último é o pior, mas todos devem ser responsabilizados e punidos
dentro da lei. “Devemos apenas cuidar de evitar que, ao enchermos as cadeias
com 3, terminemos por encher os plenários legislativos com 5”, diz ele.
Apesar do aviso, é isso que a cúpula de nosso aparelho
jurídico-policial vem fazendo. E é muito provável que seja por isso que o quinto
item da lista acima ande “tocando o terror” nas eleições municipais.
Até agora, foram 96 candidatos assassinados. As
investigações atribuem os crimes a milícias, traficantes e facções como o PCC.
Assim chegamos à seguinte situação. Por um lado, liberdade
para as milícias, que costumam ser apoiadas por políticos de direita dos vários
tipos. Por outro, a recente absolvição dos PMs envolvidos no massacre do
Carandiru fortalece ainda mais uma facção criminosa nascida exatamente do
desejo de vingança em relação àquele episódio.
Ou seja, na política institucional o
crime compensa até quando envolve muito sangue.